sexta-feira, 30 de março de 2012

Entrevista com Senhora Maria Dijanir Carpanedo, Coordenadora do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), e membro da Associação de Pequenos Agricultores da Comunidade – Córrego da Prata – Boa Esperança-ES.




Entrevista realizada com a Senhora Maria Dijanir Carpanedo,  Coordenadora do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), e membro da Associação de Pequenos Agricultores da Comunidade – Córrego da Prata – Boa Esperança-ES. 
Dona Deja, como é conhecida, é um exemplo da força da mulher presente no trabalho do campo, pois apesar das dificuldades enfrentadas pela agricultura familiar nos dias de hoje, vemos orgulho e satisfação no desenvolvimento do seu trabalho.
A entrevista foi realizada no dia 29/03/2012, na propriedade de Dona Deja, pelo Grupo 01 - Pólo de Pinheiros- do Curso de Especialização de Políticas Públicas Gênero e Raça, com a colaboração de Célio Magrini com as fotos e Zezito na realização da filmagem.






ENTREVISTA




Qual o objetivo dessa associação?

 A Associação da Pratinha ela nasceu em um momento em que nós estávamos discutindo o Programa, que denominamos o Programa Roda Viva, na época a preocupação da gente era que, como a gente faz parte desse grande continente da agricultura familiar, era incentivar as famílias produzir alimentos, então a gente começou a trazer pra cá essa discussão do programa, esse Projeto Roda Viva, então o objetivo da associação é justamente, ajudar as famílias da comunidade, aliás, da associação, a permanecer no campo. A forma de a gente permanecer no campo é produzir, pois quem não produz não fica no campo, a sobrevivência nossa é da terra.

Qual a influência das mulheres nesse grupo?

Nós mulheres, acho que nós assim temos um diferencial, pois tem grupo de mulheres que discute aqueles problemas mais ligados à mulher, aqui o grupo de mulheres nasceu diferente, ele nasceu da organização, então na verdade, a força principal da organização é das mulheres, a gente produz, a gente vende, a gente entrega para o PAA, faz tudo aqui, e tudo isso passa principalmente pelas mãos das mulheres.

Esse trabalho na associação melhorou a vida de vocês? Como era antes e com é agora?
Eu acho assim, que, pra você dizer se melhorou ou não melhorou, necessita de tempo, mas considerando os cinco anos de fundação da associação, a gente pode assim sublinhar alguns pontos importantes: a questão da participação; pois nós tínhamos mulheres, que não tinha participação, tínhamos aqui até mulheres doentes, dentro de casa que não se via em uma perspectiva de vida, e essa socialização do trabalho e da experiência... Logo no início a gente começou a fazer merenda para entregar nas creches, isso teve uma importância fundamental na vida de todas, porque essa socialização dos problemas, das vitórias, das necessidades, das dificuldades, pode apontar assim, que um é de todos! Então a gente começa a superar os problemas, quando você se junta e começa a discutir, e olha que nós não criamos o grupo para discutir os problemas, nós criamos para produzir, e junto com isso veio os problemas, nesse aspecto e nos aspectos econômico também. Você produzindo, você agrega, vai agregando valores economicamente à renda familiar.

O que é para senhora retirar o sustento da terra?

Eu falo para você o seguinte: Quando você lá da cidade vão ao supermercado, vão à feira, pega uma banana, uma cenoura, um molho de tempero, qualquer tipo de verdura, dá impressão que aquilo chegou do nada, mas pra nós agricultores sobreviver dessas condições ele é muito exigente, aqui na nossa família por exemplo e todas as famílias da Pratinha, vocês podem verificar isso, depois da 05:00, você não vê ninguém mais na cama, então o nosso trabalho hoje gera das 05:00 da manhã, tem gente até mais cedo, principalmente agora na panha, até 6 a 7hs da noite, e vocês ver que o período do sol agora tá muito crítico, e a mulhereda jovem, enfim todos que vivem daqui, estão na roça. Viver da terra, é até um orgulho quando você vive da terra, pois você sabe que hoje a concentração da terra é muito grande e existe toda uma parafernália aqui no Brasil, dando mais crédito as grandes propriedades do que as pequenas, e acho que falar que a gente vive da propriedade é um orgulho pra gente, porque a gente vive mesmo! Agora falar pra você que é coisa fácil, não é, pois é uma coisa muito exigente e principalmente nós que temos um grupo significativo, que estamos procurando trabalhar alimentos limpos, e alimentos limpos, acho que a sociedade hoje já está interada que é alimentos sem veneno, e quando é pra trabalhar com alimento limpo é mais exigente, porque alimento sujo é aquele alimento que você retira da terra já cheio de veneno que você joga Randap, um monte de veneno, você vai matar os bichinhos e joga um monte de veneno, e nós não trabalhamos com essa prática, grande parte da associação, tem alguém que trabalha com alimentos sujos.
Para viver da terra nessas condições é um orgulho, a gente consegui sobreviver, mas não é tão fácil, talvez como muita gente da cidade pensa que seja, mas é bacana.













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