sexta-feira, 22 de julho de 2011

”Racismo” e “Ações Pedagógicas Afirmativas”.

Uma educação anti-racista deve ser baseada em “Ações Pedagógicas Afirmativas”, estratégias que, no contexto escolar, visam à inclusão e à valorização da cultura dos excluídos, refletindo e introduzindo novas propostas pedagógicas.
Educação para exercício da cidadania é pensar em mudança na forma de educar, que exige trabalho integrado, principalmente entre educadores, professores e familiares, num processo em que os envolvidos estão interagindo e se educando através da convivência com o outro.
“A luta travada pelos negros brasileiros não é uma luta particular”. – No nosso país o racismo e o preconceito ocorrem de várias maneiras: com o negro, com mulheres, com os menos favorecidos, com pessoas que possuem deficiências, com aqueles que possuem um emprego que “alguns” julgam ser inferior, e muitos outros tipos de preconceito que às vezes não imaginamos, mas que irá acontecer com alguém, e essa luta não é particular, é de todos os que se sentem excluídos ou não.
Então nessa luta contra o preconceito não estão somente os negros, mas precisamos reconhecer que em muitos casos de preconceito estão os negros sim, que ainda possuem uma renda menor, menos escolaridade e empregos inferiores como conseqüência de anos de escravidão no nosso país. Na escola muitas vezes não estudamos essa história maravilhosa que faz parte do continente africano, mesmo nós professores desconhecemos parte dessa biografia que projetou a África para o mundo, e o mundo contemporâneo se utiliza das invenções e dos conceitos criados por africanos para desenvolver novos projetos e realizar novas conquistas.
A Lei nº 10.639/2003 não resolve os problemas da educação brasileira, no sentido total de combater o racismo e a exclusão social, a lei muitas vezes é ignorada por gestores e profissionais da educação, que deixam de mostrar aos alunos a história real do negro no Brasil e a trajetória de luta de líderes negros que hoje servem de exemplo no combate a várias formas de preconceito sofrido por muitas pessoas.
A lei é peça fundamental para mudança na situação do racismo no Brasil. Interessante é que a obrigatoriedade vem primeiro para o currículo escolar, e isso faz toda diferença, porque começa a abordagem primeiro na educação, ou seja, nas escolas onde os excluídos estão para entender a ajudar nessa mudança. Explorar estes assuntos e estimular a pesquisa e a discussão em sala de aula é enriquecer a vida das crianças e adolescentes, que necessitam conhecer um pouco mais da história da humanidade. Além de permitir a desconstrução dos antigos postulados racistas que, com novas roupagens, ainda circulam nos dias de hoje, a história real restitue aos africanos a participação efetiva na trajetória histórica da humanidade, e aos alunos o conhecimento e o entendimento da história implicam ainda para o espaço escolar um debate que tem grande repercussão, e que causará mudanças na sociedade.
A lei que inclui no currículo oficial da Rede de Ensino a obrigatoriedade da temática "História e Cultura Afro-Brasileira", é muito importante no sentido da valorização do negro e de sua contribuição para a história e a cultura brasileira. Mas o cumprimento dessa lei depende de ações do poder executivo nas três esferas, e principalmente da ação na educação no sentido de mostrar que a desigualdade racial no nosso país provoca atrasos no desenvolvimento social, educacional e econômico. Todo esse processo atual de adoção de cotas provoca polêmica porque os beneficiados são negros e menos favorecidos. Precisamos de uma educação com bases fortes, onde sejam feitas mudanças que começam no aperfeiçoamento dos professores e nas mudanças dos currículos escolares para garantir um futuro melhor para as pessoas sem desigualdade racial e social.
Rosicleia Wagmaker
Referências: Assuntos do Curso de Aperfeiçoamento em Educação para as Relações Étnicorraciais - ERER/NE@AD/UFES.

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